"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia." José Saramago

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terça-feira, 9 de março de 2010

Madeira 20 Fevereiro 2010

Qualquer indivíduo, e para isso não precisa de nenhum curso, atento à realidade do Mundo actual, sabe perfeitamente que o Planeta Terra está doente.
As várias cimeiras em defesa do Planeta Terra, que ocorreram ao longo dos anos, terminaram em autenticas desilusões, fazendo-nos sentir impotentes, face aos problemas actuais da nossa “casa”.
Por todo o Mundo, são inúmeras as mensagens de cansaço do Planeta.
As catástrofes naturais ocorrem cada vez em maior número, semeando o caos e terror;
Assiste-se a grandes mudanças climáticas;
Testemunhamos várias extinções de espécies;
A fome aumenta e a escassez de água também.
Os alertas entrem-nos pela casa dentro todos os dias mas, mesmo assim, as pessoas teimam em não querer saber.
Infelizmente, a tendência é para piorar e o futuro do Planeta e da Humanidade é uma incógnita.
Sobre os acontecimentos de 20 de Fevereiro 2010, não sou a pessoa ideal para falar sobre a ciência do assunto. Tenho os meus conhecimentos mas não sou especialista.
Agora, como cidadã do Mundo, como portuguesa, residente na ilha da Madeira e como madeirense com orgulho na ilha, quero, posso e devo dar a minha opinião pessoal sobre o assunto.
Os habitantes da Ilha da Madeira, não são nem nunca foram diferentes de nenhum outro habitante do Planeta Terra. Durante muito tempo, muitos foram os “iluminados” desta Ilha que, em luta por um punhado de votos, tentarem implantar na mente do povo, uma imagem de ilha protegida, uma imagem de uma ilha perfeita quem nem os Deuses ousavam desafiar.
Considerados por muitos, como o povo superior, fazíamos os que queríamos da Natureza e era a nós que ela teria que obedecer não ao contrário!
Durante muitos anos, muita boa gente, explorou a nossa Ilha ferindo-a de morte!
Durante muitos anos, muitos foram os cofres que se encheram, na exploração e na transformação da “Madeira Nova”.
Foram feitos alertas, estudos e quem os fez foi caluniado e chamado de “burro”.
O DN publicou imensas reportagens sobre explorações de pedreiras clandestinas, que colocavam em perigo os habitantes. Fizeram um excelente trabalho de investigação, para trazer à população a realidade da situação. Como resultado, foram apedrejados e considerados, pelos ditos “deuses”, de inimigos a abater.
Alertou-se as Câmaras para desaterros, alertou-se as Câmaras para os abusos, mas nunca ninguém sabia de nada!
Os responsáveis, que deveriam fiscalizar todas essas situações, andavam com os “olhos tapados”, muitos com as mãos “ocupadas” e nada viam.
O povo, iludido com o paraíso, permitiu a ganância de muitos, fechou os olhos, encolheu os ombros, transformando-se também ele, num culpado.
A Natureza não pode ser considerada como única responsável pelo que sucedeu nesta Ilha!
Podem argumentar tudo o que quiseram mas aos inteligentes, pouco ou nada irão justificar!
A Natureza desempenhou o seu papel normal, nós, é que não estávamos preparados!
Admitir um erro é digno e é sinónimo de grandeza espiritual algo que lamentavelmente, muitos desconhecem.
Dizer que o Homem consegue vencer a Natureza e que a Natureza está para servir o Homem e não ao contrário é sinónimo de uma pobreza intelectual gritante!
Morreram pessoas, muitos perderam tudo, e ainda existem desaparecidos!
Enquanto que uns choram, outros, (sempre os mesmos), de aro amarelo tipo anjo em cima da cabeça e de lágrima de crocodilo no canto do olho, esfregam as mãos, aguardando ansiosamente os baús de dinheiro que estão a chegar.
Ganhou-se muito dinheiro e agora, ainda se irá ganhar ainda mais!
Se muitos empresários da construção civil limparam a cidade com a sua grande e rica frota, (voluntariamente ou não), não fizeram mais do que o seu dever. Também eles, podem juntar-se ao grupo de responsáveis pelo que aconteceu nesta Ilha e nada mais correcto do que limpar o caos que, com o apoio das entidades governamentais, ajudaram a provocar.
Infelizmente, é com tristeza que vejo que o povo, não aprendeu a lição!
Continua envolto pelo medo e pelo receio de ser ele próprio, de ter os seus ataques de fúria, tal como teve a Natureza.
A Natureza deu à Madeira, uma triste, uma amarga e sombria lição. Lamentavelmente, como em todo o Mundo e uma vez mais, é sempre o Zé-povinho o que mais sofre.
Os portugueses em geral e o povo de todo o Mundo providenciaram, uma boa bofetada, com uma luva branca, em muitos políticos desta Ilha e em grande parte da população também!
Demonstraram que ninguém está só neste Mundo, que ninguém é melhor do que ninguém, independentemente das raças, culturas, países... e, que todos, como habitantes deste Planeta, estão à mercê da Natureza.
Demonstraram que a Humildade e a solidariedade, (sem intenções publicitárias), fica muito bem, independentemente de estatutos, canudos, cunhas, etc.
Da parte das nossas autoridades, já sabemos que estes irão fazer tudo novamente. Já o admitiram, na sua arrogância habitual, logo...
Agora, gostaria de acreditar que, depois de tudo o que aconteceu, o povo madeirense, ilhéus por Natureza, irá começar a defender melhor as nossas paisagens, a nossa terra, a defender melhor as nossas vidas e as vidas de todos os que amamos!
Cabe a todos nós decidirmos os Futuro!
Alguém, um dia me perguntou: “ Que podemos nós fazer, que pode o simples povo fazer? “
É respondendo a esta pergunta que termino:
Podemos tudo, desde que queiramos! Todos podemos e somos capazes de mudar o Mundo para melhor! E, se existe algo mais maravilhoso neste mundo, é fechar os olhos à noite e dizer para nós próprios: Hoje eu fui eu! Hoje eu marquei a diferença!”

Natália Vieira

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