"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia." José Saramago

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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Carta DN Madeira

Esta Carta de Leitores que saiu hoje no DN tocou-me. Sei perfeitamente a angústia que estas pessoas estão sentindo pois também eu passo por isso.
Deixo aqui a carta...

Natália Vieira

DNOTICIAS.pt - Serviço de documentação e impressão
P'Neco Anabela Sousa
Carta de um cão
Data: 06-11-2009

Sou um cão velho, tenho 14 anos. Sou feliz, tenho donos que gostam de mim, que sempre me deram carinho e atenção. Mas agora estou doente, sinto dores, estou cansado e os meus donos têm pouco dinheiro, levaram-me ao veterinário, fui muito bem atendido, a minha dona estava nervosa, o meu dono estava triste e eu só pensava: - Não fiquem assim, eu vou ficar bom. Após a consulta voltei para casa, já estava melhor, mas percebi que os meus donos continuavam ansiosos e tristes. Percebi finalmente porquê - tinham pouco dinheiro e cuidar de um cão não é fácil. Não há ajudas de ninguém, não há Centro de Saúde para ir, como os meus donos vão quando se sentem doentes. Tudo é pago e é muito caro, não há comparticipações. Os meus donos gastaram o resto do dinheiro que tinham para passar o mês, tiveram que pagar consulta, parece que preciso de uma ração especial, tive de fazer análises, tenho vacinas para levar... Tenho colegas cães na mesma situação ou ainda piores do que eu. Nas noticias, só se fala em casos de abandono, maus tratos. Mas existem muitos donos bons, como os meus, que querem cuidar dos seus cães, tratá-los, mas que por vezes, só dar carinho não é sufiente, é preciso ter dinheiro. No carro a caminho de casa, a minha dona chorava, porque sabe que eu estou velho e que daqui para a frente vou precisar de cuidados, de medicamentos, e que ela não vai poder pagar.Percebi que uma das hipóteses era me eutanasiar, porque eu estou velho. Mas eu não quero morrer, sabendo do desgosto que os meus donos vão ter por me mandar abater, só porque não têm dinheiro para cuidar de mim. A minha dona desesperada já dizia que não queria mais cães, porque era doloroso ver-nos morrer sem dignidade. Há dias um cão meu vizinho- o Bobby, ouviu a sua dona dizer, que até queria ter mais um cão, mas que para tratá-lo como deve ser, é muito caro, que não há nehuma clínica veterinária pública e mais barata, e por isso era melhor não. O Bobby ficou triste, ele queria uma companhia, porque os seus donos vão trabalhar o dia todo e ele fica só. Nós cães somos amigos, leais, brincalhões, porque é que não existem leis para nos proteger, e para ajudar quem nos protege.

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