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Foram encontrados, os três, perto de uma passagem no Caniço de Baixo.
O "quininho", (pois era assim que o chamava por ser muito pequeno e magro), estava a miar, incansavelmente, ao lado de um eco-ponto, tentando a todo o custo chamar à atenção.
Conseguiu.
Olhei para os seus olhinhos e um apelo muito mais forte, transparecia naquele olhar.
Pusemo-nos logo à procura. Ele não poderia estar só!
E não estava. A uns metros acima, os outros dois irmãos, encolhiam-se de frio, debaixo de uma àrvore.
O "quininho", tinha-se arrastado para a zona de movimento, com o objectivo de pedir ajuda para os seus manos.
Magrinho, muito mais do que os seus irmãos, deu tudo para os salvar.
Trouxemo-los para casa.
Se os levasse à SPAD, iriam ser eutanasiados de certeza, pois eram demasiado pequenos.
Limpei-os, comecei a dar leite para gatos bebés de biberão, tratei das muitas feridinhas que tinham na pele, dei-lhes vitaminhas...
Os dois irmãos, logo começaram a comer sós e a brincar. O "quininho" mantinha-se muito reservado, bebendo leite, comendo biscoitos e brincando muito discretamente com os seus irmãos.
Hoje, passado quase um mês, o "quininho" morreu...
Apanhou uma diarreia e o seu frágil corpinho não o deixou resistiu.
Morreu quieto, quentinho e amado.
Sei que ele irá voltar, num outro corpo para viver a vida que não consegiu.
Afinal, a sua missão desta vez, era somente de salvar os seus irmãos ou talvez encher o meu intimo de coragem e força para continuar a lutar por todos os animais, sofredores como ele.
Obrigada "quininho" e desculpa por não ter conseguido te ajudar mais...
Nunca lidei bem com a morte até porque já perdi pessoas importantes na minha vida!
Perder um animal, sempre foi e continuará a ser como perder um pedacinho de mim.
Só a revolta contra o desprezo pela vida animal, enche-me de coragem para continuar esta minha tão pequena e insignificante luta pelo respeito de todos os seres vivos da Natureza.
Muitos "quininhos" já passaram pelas minhas mãos, uns viveram, outros morreram e muitos, infelizmente, irão continuar a aparecer.
Que muitas mãos mais, surgem da escuridão e que ajudem todos estes animais, vítimas de uma sociedade virada para o seu umbigo e que, a cada dia que se passa, enche-se de meros clones manobráveis.
Não somos os donos do Planeta!
Temos demonstrado sim, que somos os piores parasitas, destruídores de toda esta riqueza que se chama Vida.
Natália Vieira