"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia." José Saramago

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domingo, 19 de agosto de 2012

A Lisy amiga...







Ontem recebemos um apelo, um pedido de ajuda. Confesso, são tantos que neste momento temos mesmo que dar prioridade aos mesmos urgentes…


Sei que existem animais acorrentados, presos, sem ser amados mas… não podemos fazer muito mais, desculpem. A ANIMAD precisa de apoios monetários, precisa de dinheiro, precisaria de um espaço e ainda não o temos, de FATs temos muito poucas…
É como digo, sós não conseguimos fazer muito. Quando peço um euro, peço-o com humildade para eles. Se 100 pessoas derem um euro, tenho 100€ para pagar as despesas dos animais ajudados.
Dói-me o coração quando vejo existir dinheiro para arraiais, festas, ponchas, vespas, etc e nada para as associações que defendem os animais.
Sabem que sou e sempre fui muito directa e hoje, com vontade de jogar tudo para o ar, fugir pois são tantos os pedidos que os dedos não conseguem segurar, lembro-me do quando poderíamos fazer se todos colaborassem.
O pedido de ajuda era para esta cadela, a Lisy.
Hoje, quando sai de casa confesso que não estava à espera do que encontrei. Uma casa humilde, gente humilde. Tentamos explicar do porque que ali estávamos e fomos aceites de braços abertos. A senhora vive com a mãe, inválida e com outra senhora acamada. Tentara já pedir ajuda, inclusive a vizinhos que a negaram. A cadela, a Lisy, começara a emagrecer e ela não sabia o porque, dizia.
Verdade ou mentira, só víamos a cadela que deitada no chão, batia com o seu rabinho demonstrando satisfação por estar a receber atenção.
Pedi a sua autorização para a levar, para a clínica. Disse-nos logo que não tinha dinheiro. Aceitou quando lhe disse que nós iremos assumir esses custos.
Olhei em redor enquanto a senhora foi buscar um cobertor. A Lisy tinha uma casota, ao lado comida cozida azeda e com moscas e a água cheia de lodo.
Quando chegaram a senhora mais velhinha chamava o nome da cadela e chorava. Prometi que iria cuidar dela.
Sim, esta situação até poderá ter chegado a este limite por falta dificuldades financeiras mas, também existe aqui, muita irresponsabilidade e ignorância.
Pergunto, será que podemos jogar pedras a esta gente? Não seremos todos responsáveis pela quantidade de animais que por aí sofrem?!
Anos e anos a assobiar para o lado, a ignorar a pobreza, a ignorância que se cultivava por aí em troca de “uns brinquedos” para o povo se entreter?!
Não… não consigo olhar para esta gente e gritar-lhe o que me vai na alma pois eles são simplesmente vítimas da sociedade que se criou e que ainda se cultiva nesta ilha.
Continuaremos a trabalhar, mesmo com fracos recursos mas, não me exigem nada se vocês mesmo não lhes podem dar nada em troca.
Á Vetmedis, ao Duarte Correia que logo foi acolher esta menina, um obrigada, do fundo do meu coração porque sem vocês a ANIMAD nada teria feito até hoje. Vocês sabem o lugar que ocupam para mim…
A Lisy está a receber todos os cuidados e acredito que ficará boa e ainda será muito feliz.
Cada um de nós pode ajudar nestas situações. Se encontrar casos de cães amarrados com fome, ajude os donos a mudarem a sua mentalidade. Fale com eles, ofereça ajuda, pergunte o que precisam.
Não podemos dar vida feliz a todos os animais da Madeira, esta é a realidade crua e fria, mas podemos tornar as suas vidas mais felizes e saudáveis.
A ANIMAD está cá para ajudar mas precisa também da sua ajuda porque como associação que somos, sem fins lucrativos, sobrevivemos de donativos e sem eles, nada podemos fazer.

Natália Vieira

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