Quando era criança, minha mãe explicou-me a importância de Deus. Por palavras doces, dizia-me que, se fosse desonesta, se mentisse ou outras coisas mais, iria ser castigada e não seria aceita no reino dele.
Fui crescendo…e comecei a me aperceber que aquele Deus que me faziam crer ser tão justo e honesto, provavelmente não existiria.
Sabia que a magoava dizendo isso mas eram poucos os argumentos que ela tinha para se justificar.
Mesmo não acreditando nesse Deus, cresci, acreditando nos ideias que ela me falava: na justiça, na verdade, no amor, no carinho…e até hoje todos eles fazem parte do meu dia a dia, fazem parte de mim.
Anos depois, esse mesmo Deus que ela adorava, levou-a consigo relativamente cedo demais e pagou a honestidade que ela havia lhe prestado, com o sofrimento e com a dor.
Hoje, quando penso em Deus, quando o procuro, não consigo encontrá-lo. De nada me valem os belos e-mails com belas e magníficas palavras, passando mensagens de Amor, Paz e Esperança.
Certos dias, sinto raiva, outros, revolta e alguns deles, como hoje…melancolia…tristeza.
Olhe em redor e sinto-me de mãos atadas. Gostaria de ser como muitos, que ao virarem a cara para o outro lado, deixam de ver que ali, algo está mal.
Mas…não consigo…não consigo fechar os olhos á realidade.
Perto de celebrarmos o dia da Criança, sei-o que ainda não perdi a criança que está dentro de mim. Quando olho em redor do meu mundo, ainda sinto o dever e a obrigação de mudar algo, de fazer algo pela minha passagem por esta vida.
Com este meu coração sentimental, comovo-me sempre que vejo injustiças, fome, miséria e desigualdades sociais. Mas, isso não me envergonha, simplesmente faz-me sentir bem e viva!
Com este meu coração sentimental, adoptei da rua, 15 gatos e 7 cães e sei-o o quanto custa criá-los.
Como eu, sei que existem muitos que, ajudem a muito custo, muitos animais.
Tentei fazer algo…mas é pouco e nada mais consigo…
Hoje, deixei praticamente, metade do meu ordenado numa clínica, para ajudar uma gatinha, que adoptei recentemente, retirada da rua.
Coloco-me a pensar o que faria se não tivesse o meu ordenado.
Existem pessoas cruéis que abandonem os seus animais por puro prazer, mas outras, acredito que seja por desespero.
Sem saberem para onde se voltarem, tomem atitudes deste género trazendo para o top da sua existência o círculo protector da frieza.
Uma das coisas que tanto ansiei fazer na SPAD, foi criar uma conta para ajudar pessoas como eu, que amem e tentem ajudar os animais e todas as outras que não pudessem ajudar os seus animais nem esterizá-los.
Tentei incentivar veterinários e a Direcção, para este tipo de ajuda e campanhas, obtendo sempre como resposta que só era possível com o pagamento de horas extras.
Pelo menos a conta consegui embora tudo o resto, inclusive a mão-de obra fosse pago.
Os interesses aumentaram, a ganância também e, uma vez mais, o dinheiro soou mais alto ficando o meu humilde sonho por terra.
Hoje sei-o que, a conta já não está para o objectivo criado e como Associação Protectora dos Animais, eutanasiam mais, do que ajudam , já deixando de ajudar animais de pessoas carenciadas.
Sabem o que me dá força?! Ter a minha gatinha, no meu colo neste preciso momento, acabadinha de vir da clínica, a ronronar e a me agradecer com as suas carícias.
É por este facto que, se existe algo que venero, admiro e respeito com toda a minha vontade de viver é única e exclusivamente a Natureza.
É por este facto que, a cada dia que se passa, estes seres, os animais, demonstram-me serem muito mais dignos de viver neste Planeta do que nós, Humanos.
Natália Vieira
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